O sonho do religioso

"O que somos é um presente de Deus a nós!!!
O que nos tornamos é o nosso presente a Deus."
 
  
Conta-se que, certa feita, um renomado líder religioso teve um sonho.
Sonhou que se achava nos umbrais dos tabernáculos eternos.
Ali, um anjo montava guarda.
O religioso lhe indagou se no céu se encontravam os protestantes.
O anjo respondeu que no local não havia sequer um protestante.
Surpreso, o religioso questionou:
Os protestantes não alcançaram a salvação mediante o sangue de Cristo?
O anjo repetiu: Aqui não há protestantes.
Desconcertado, o líder prosseguiu no interrogatório:
Será que no céu estão os católicos romanos?
O representante celeste afirmou que naquele ambiente nem se conheciam os membros da Igreja Romana.
O religioso indagou, então, se lá se faziam presentes os partidários de Maomé ou de Buda.
O interlocutor asseverou que no céu não se encontravam nem uns, nem outros.
Intrigado, o religioso inquiriu:
Estará o paraíso desabitado?
O anjo respondeu que tal não acontecia.
Disse serem incontáveis os habitantes da Casa do Pai, a ocuparem todas as Suas múltiplas moradas.
Muito curioso, o ministro desejou saber quem eram os que se salvavam e a que religião pertenciam na Terra.
O guardião da entrada das celestes moradas esclareceu:
A todas e a nenhuma.
Aqui não se pensa em denominações ou dogmas.
Salvam-se os que visitam as viúvas e os órfãos em suas aflições.
Os que se guardam isentos da corrupção do século.
Salvam-se os que procuram aperfeiçoar-se, corrigindo-se de seus defeitos.
Os que renascem todos os dias para uma vida melhor.
Redimem-se os que amam o próximo.
Os que renunciam ao mundo, com suas fascinações.
Os que andam pelo caminho estreito: o caminho do dever.
Purificam-se os que obedecem a voz da consciência, não os reclamos do interesse.
Conquistam a Divina graça os que trabalham pela causa da justiça e da verdade.
Salvam-se os que buscam o bem comum e a felicidade coletiva.
O discurso do anjo se alongava, mas o religioso o interrompeu.
Afirmou que precisava voltar urgente ao cenário terreno, para modificar os rumos que imprimia em sua Igreja.
*   *   *
Essa lição é por demais preciosa.
Os homens costumam buscar o caminho mais fácil.
Não raro, buscam se convencer de que estão em boa senda apenas porque cumprem algumas formalidades religiosas.
Ou então se sentem puros e especiais porque se abstêm de alguns prazeres.
Entretanto, Jesus disse: A cada um segundo suas obras.
Para conquistar a plenitude, é preciso trabalhar com afinco para que a bondade e a pureza se implantem no mundo.
Tudo o mais é supérfluo.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. VIII, do
 livro Nas pegadas do Mestre, de Vinícius (Pedro de Camargo), ed. Feb.
Em 26.10.2010.
 

A diferença entre o céu e no inferno


Ele esteve lá
Conta-se que um poeta estava um dia passeando ao crepúsculo em uma floresta, quando de repente surgiu diante dele uma aparição do maior dos poetas, Virgílio. Virgílio disse ao apavorado poeta que o destino estava sorrindo para ele e que ele tinha sido escolhido para conhecer os segredos do Céu e do Inferno. Por mágica, Virgílio transportou-se e ao poeta, ainda apavorado com experiência tão súbita, ao velho e mítico rio que circundava o submundo. Entraram em uma canoa e Virgílio instruiu o poeta para remar até o Inferno. Quando chegaram, o poeta estava algo surpreso por encontrar um lugar semelhante à floresta onde estavam, e não feito de fogo e enxofre nem infestado de demônios alados e criaturas nojentas exalando fogo, como ele esperava.

Virgílio pegou o poeta pela mão e levou-o por uma trilha. Logo o poeta sentiu, à medida que se aproximava de uma barreira de rochas e arbustos, o cheiro de um delicioso ensopado. Junto com o cheiro, entretanto, vinham misteriosos sons de lamentações e ranger de dentes. Ao contornar as rochas, deparou-se com uma cena incomum. Havia uma grande clareira com muitas mesas grandes e redondas. No meio de cada mesa havia uma enorme panela contendo o ensopado cujo cheiro o poeta havia sentido, e cada mesa estava cercada de pessoas definhadas e obviamente famintas. Cada pessoa segurava uma colher com a qual tentava comer o ensopado. Devido ao tamanho da mesa, entretanto, e por serem as colheres compridas de forma a alcançar a panela no centro, o cabo das colheres era duas vezes mais comprido do que os braços das pessoas que as usavam. Isto tornava impossível para qualquer uma daquelas pessoas famintas colocarem a comida na boca. Havia muita luta e imprecações enquanto cada pessoa tentava desesperadamente pegar pelo menos uma gota do ensopado.

O poeta ficou muito abalado com a terrível cena, até que tampou os olhos e suplicou a Virgílio que o tirasse dali. Em um momento eles estavam de volta à canoa e Virgílio mostrou ao poeta como chegar até o Céu. Quando chegaram, o poeta surpreendeu-se novamente ao ver uma cena que não correspondia às suas expectativas. Aquele lugar era quase exatamente igual ao que eles tinham acabado de sair. Não havia grandes portões de pérolas nem bandos de anjos a cantar. Novamente Virgílio conduziu-o por uma trilha aonde um cheiro de comida vinha de trás de uma barreira de rochas e arbustos. Desta vez, entretanto, eles ouviram cantos e risadas quando se aproximaram. Ao contornarem a barreira, o poeta ficou muito surpreso de encontrar um quadro idêntico ao que eles tinham acabado de deixar; grandes mesas cercadas por pessoas com colheres de cabos desproporcionais e uma grande panela de ensopado no centro de cada mesa. A única e essencial diferença entre aquele grupo de pessoas e o que eles tinham acabado de deixar, era que as pessoas neste grupo estavam usando suas colheres para alimentar uns aos outros.

Robert B. Dilts e outros

FALANDO DE DISTÂNCIAS ENTRE CORAÇÕES

Mahatma Gandhi

 Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:

 "Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?”

 "Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.

 "Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?"

 Questionou novamente o pensador.

 "Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.

 E o mestre volta a perguntar:

 "Então não é possível falar-lhe em voz baixa?”

 Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

 Então ele esclareceu:

  ”Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?”

 O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas,

 Seus corações se afastam muito.

  Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.

Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.

 Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?

 Elas não gritam. Falam suavemente. E por que?

 Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.

Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.

 E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem.

 É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.”

 Por fim, o pensador conclui, dizendo:

 "Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam  palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será  tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".