"A viagem é tão curta "

Achei fantástica essa mensagem e resolvi compartilhar cm vc!
"A viagem é tão curta "
Uma jovem estava sentada num transporte público. Uma senhora mal-humorada e velha veio e sentou-se ao lado dela batendo lhe com os seus sacos numerosos. A pessoa sentada do outro lado ficou chateada e perguntou à moça por que ela não falou e disse algo.

A moça respondeu com um sorriso: - Não é necessário ser grosseiro ou discutir sobre algo tão insignificante, a jornada juntos é tão curta ... Desço na próxima paragem.

A resposta merece ser escrita em letras douradas no nosso comportamento diário e em toda parte:
* Não é necessário discutir sobre algo tão insignificante, nossa jornada juntos é tão curta *

Se cada um de nós pudesse perceber que  a nossa passagem para cá tem uma duração tão curta;porquê  escurecê-la com brigas, argumentos fúteis, não perdoando os outros, ingratidão e atitudes ruins?! Isso seria um desperdício de tempo e energia.
Alguém quebrou seu coração? Fique calmo, a viagem é tão curta ..
Alguém traiu, intimidou, enganou ou humilhou você? Fique calmo, perdoe, a viagem é tão curta .. Qualquer sofrimento que alguém nos provoque, vamos lembrar que a nossa jornada juntos é tão curta ..
Portanto, sejamos cheios de gratidão e doçura. A doçura é uma virtude nunca comparada ao caráter mau ou covardia, mas melhor comparada à grandeza.
Nossa jornada juntos aqui é muito curta e não pode ser revertida ...
Ninguém sabe a duração de sua jornada. Ninguém sabe se  terá que descer na próxima paragem....
* Vamos, portanto, acalentar e manter a amigos e familiares! Vamos ser calmos, respeitosos, gentis, gratos e perdoar uns aos outros.
Se eu te machuquei, peço perdão. Mas lembre-se: A viagem aqui é tão curta ... *

Pão velho

Pão velho

Era um fim de tarde de sábado.
Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando vi um menino parado junto ao portão,  me olhando.
- Dona, tem pão velho? - perguntou ele.
Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou...
Olhei para aquele menino tão nostálgico e perguntei:
- Onde Você mora?
- Depois do zoológico, disse ele.
- Bem longe, hein?
- É... mas eu tenho que pedir as coisas para comer.
- Você está na escola?
- Não. Minha mãe não pode comprar material.
- Seu pai mora com vocês?
- Ele se foi e nunca mais voltou...
E o papo prosseguiu, até que eu disse:
- Vou buscar o pão. Serve pão novo?
- Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é suficiente.
Esta resposta caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança. Tão nova e já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitada de um papo, de uma conversa amiga.
Quantas lições podemos tirar desta resposta:
"Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é suficiente!"
Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor!
Os anos se passaram e continuam pedindo “pão velho" na minha casa... E eu dando "pão novo", mas procurando antes compartilhar o pão das pequenas conversas, o pão dos gestos que acolhem e promovem.
Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse: “Eu sou o pão da vida!”
Verifique quantas pessoas talvez estejam esperando  uma só palavra sua...

“Força do Perdão”

Sabemos que há situações que são difíceis de perdoar.
Há casos graves entre amigos, irmãos, casais, pais e filhos...
Nestes momentos falamos/aconselhamos:
“PERDOE, ESQUEÇA. VIVA SUA VIDA”.
E sempre ouvimos:
“Você fala isto porque não foi com você.
Queria ver se você estivesse no meu lugar”.
Conto-lhes uma pequena e bela história para ilustrar nossa exposição:
Esta história aconteceu na Palestina, no oriente médio, onde também ficam Jerusalém, Nazareth e Belém, terra natal de Jesus.
Lá vivem os Beduínos em tendas espalhadas pelo deserto.
Conta-se que um Beduíno estava dentro de sua tenda, ao sol da Palestina, quando entrou correndo um rapaz e se escondeu atrás dele, chorando e soluçando. Logo em seguida entraram alguns homens empunhando suas facas e ordenaram ao beduíno:
“Dá-nos este rapaz, pois ele é um assassino”. No que o Beduíno respondeu:
“Ninguém põe a mão nele!”
“Há uma lei entre nós que diz que quando um assassino se refugia numa tenda e o dono da tenda lhe der abrigo, ele estará salvo e absolvido. Compadeci-me deste garoto e quero perdoar-lhe”. E os homens lhe disseram: “Você quer perdoá-lo porque não sabe o que ele fez e nem a quem matou”. O Beduíno completou: “Não me importo, eu quero perdoá-lo”.
Então, os homens lhe revelaram: “Ele matou seu filho. Vá ver o corpo dele sangrando lá fora”.
O Beduíno caiu num profundo silêncio e enxugando as lágrimas disse:
“Então, eu vou criá-lo como se fosse o meu filho que ele matou”.
(O nome desta história é a “Força do Perdão”.
Fica-nos a lição: O verdadeiro sentido do perdão).

O SÁBIO E O ESCORPIÃO (A INDULGÊNCIA)

O SÁBIO E O ESCORPIÃO (A INDULGÊNCIA)

“Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do Rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava. Ele então correu e, com a mão, retirou o bichinho e o trouxe à terra firme.
Naquele instante, o escorpião o picou... Dizem que é uma dor terrível... Inchou a mão do sábio.
Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água. E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.

E o discípulo a observar...
Numa terceira vez em que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores violentas, ele o põe mais distante, em terra. Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo e diz:
- Mestre, eu não estou entendendo... Este bicho... É a terceira vez que o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira. O senhor deve estar sofrendo dores terríveis!...
E ele, com a fisionomia plácida das almas que conhecem o segredo do bem, daqueles que já realmente conquistaram um território de amor e renúncia no coração, que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o discípulo e diz:



Livro:  Um Minuto Com Chico Xavier
            José Antônio Vieira de Paula

Relato da história da “Harvard e Stanford”



História que ensina o valor de julgamentos equilibrados; da sabedoria de não julgar pelas aparências ou pela primeira impressão; o valor da generosidade e do retorno à comunidade do muito que ela nos faz.            
Malcolm Forbes conta que uma senhora, usando um vestido de algodão já desbotado, e seu marido, trajando um velho terno feito à mão, desceram do trem em Boston, EUA, e se dirigiram timidamente ao escritório do presidente da Universidade Harvard.Eles vinham de Palo Alto, Califórnia e não haviam marcado entrevista.A secretária, num relance, achou que aqueles dois com aparência de caipiras do interior, nada tinham a fazer em Harvard.
– Queremos falar com o presidente, disse o homem em voz baixa.
– Ele vai estar ocupado o dia todo, respondeu rispidamente a secretária.
– Nós vamos esperar.
A secretária os ignorou por horas a fio, esperando que o casal finalmente desistisse e fosse embora. Mas eles ficaram ali, e a secretária, um tanto frustrada, decidiu incomodar o presidente, embora detestasse fazer isso.
– Se o senhor falar com eles apenas por alguns minutos, talvez resolvam ir embora, disse ela.
O presidente suspirou com irritação, mas concordou.
Alguém da sua importância não tinha tempo para atender gente desse tipo, mas ele detestava vestidos desbotados e ternos puídos em seu escritório. Com o rosto fechado, ele foi até o casal.
– Tivemos um filho que estudou em Harvard durante um ano, disse a mulher. Ele amava Harvard e foi muito feliz aqui, mas, um ano atrás ele morreu num acidente e gostaríamos de erigir um monumento em honra a ele em algum lugar do campus.
– Minha senhora, disse rudemente o presidente, não podemos erigir uma estátua para cada pessoa que estudou em Harvard e morreu, se o fizéssemos, este lugar pareceria um cemitério.
– Oh, não, respondeu rapidamente a senhora. Não queremos erigir uma estátua. Gostaríamos de doar um edifício à Harvard.
O presidente olhou para o vestido desbotado da mulher e para o velho terno do marido, e exclamou:
– Um edifício! Os senhores têm sequer uma pálida idéia de quanto custa um edifício? Temos mais de sete milhões e meio de dólares em prédios aqui em Harvard.
A senhora ficou em silêncio por um momento, e então disse ao marido:
– Se é só isso que custa para fundar uma universidade, por que não termos a nossa própria?
O marido concordou.
O casal Leland Stanford levantou-se e saiu, deixando o presidente confuso. Viajando de volta para Palo Alto, na Califórnia, eles estabeleceram ali a Universidade Stanford, em homenagem a seu filho, ex-aluno da Harvard.

EXERCÍCIO DIÁRIO DA HUMILDADE



EXERCÍCIO DIÁRIO DA HUMILDADE


No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de um famoso palácio real, um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias dos companheiros de apartamento.

Reparando-lhe o pêlo maltratado, as fundas cicatrizes do lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse, orgulhoso:

- Triste sina a que recebeste! Não invejas minha posição em corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!

- Pudera! – exclamou um potro de fina origem inglesa:

- como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça? O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente. Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou:
- Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos do bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e pancadas. É vergonhoso suportar-lhe a companhia. Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou sem piedade:


- Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco, inútil, não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite, mas, se me constrangem a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar.

As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças.

- Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade, informou o monarca, um animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança. O empregado perguntou:

- Não prefere o árabe, Majestade?

- Não, não – falou o soberano, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância.

- Não quer o potro inglês? - De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.

- Não deseja o húngaro?

- Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.

- O jumento espanhol serviria? – insistiu o servidor atencioso. - De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança. Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:

- Onde está meu burro de carga? O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais. O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho ainda criança, para longa viajem. E ficou tranqüilo, sabendo que poderia colocar toda a sua confiança naquele animal…

Assim também acontece na vida. Em todas as ocasiões, temos sempre grande número de amigos, de conhecidos e companheiros, mas somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a servir, sem pensar em si mesmos….

e nós será que já aprendemos servir?

Pense nisto….

Texto sem a informação de autor.

A LENDA DA CARIDADE


Diz interessante lenda do Plano Espiritual que, a princípio, no mundo se espalham milhares de grupos humanos, nas extensas povoações da Terra.
O Senhor endereçava incessantes mensagens de paz e bondade às criaturas, entretanto, a maioria de desgarrou no egoísmo e no orgulho.
A crueldade agravava-se, o ódio explodia...
Diligenciando solução ao problema, o Celeste Amigo chamou o Anjo Justiça que entrou, em campo e, de imediato, inventou o sofrimento.
Os culpados passaram a resgatar, os próprios delitos, a preço de enormes padecimentos.
O Senhor aprovou os métodos da Justiça que reconheceu indispensáveis ao equilíbrio da Lei, no entanto, desejava encontrar um caminho menos espinhoso para a transformação dos espíritos sediados na Terra, já que a dor deixava comumente um rescaldo de angústia a gerar novos e pesados conflitos.
O Divino Companheiro solicitou concurso ao Anjo Verdade que estabeleceu, para logo, os princípios da advertência.
Tribunas foram erguidas, por toda parte, e os estudiosos do relacionamento humano começaram a pregar sobre os efeitos doma ledo bem, compelindo os ouvintes à aceitação da realidade.
Ainda assim, conquanto a excelência das lições propagadas repontavam dúvidas em torno dos ensinamentos de virtude, suscitando atrasos altamente prejudiciais aos mecanismos da elevação espiritual.
O Senhor apoiou a execução dos planos ideados pelo Anjo da Verdade, observando que as multidões terrestres não deveriam viver ignorando o próprio destino.
No entanto, a compadecer-se dos homens que necessitavam reforma íntima sem saberem disso, solicitou cooperação do Anjo do Amor, à busca de algum recurso que facilitasse a jornada dos seus tutelados para os Cimos da Vida.
O novo emissário criou a caridade e iniciou-se profunda transubstanciação de valores.
Nem todas as criaturas lhe admitiam o convite e permaneciam, na retaguarda, matriculados ns tarefas da Justiça e da Verdade, das quais hauriam a mudança benemérita, em mais longo prazo, mas todas aquelas criaturas que lhe atenderam as petições, passaram a ver e auxiliar doentes p obsessos, paralíticos e mutilados, cegos e infelizes, os largados à rua e os sem ninguém.
O contato recíproco gerou precioso câmbio espiritual.
Quantos conduziam alimento e agasalho, carinho e remédio para os companheiros infortunados recebiam deles, em troca, os dons da paciência e da compreensão, da tolerância e da humildade e, sem maiores obstáculos, descobriram a estrada para a convivência com os Céus.
O Senhor louvou a caridade, nela reconhecendo o mais importante processo de orientação e sublimação, a benefício de quantos usufruem a escola da Terra.
Desde então, funcionam, no mundo, o sofrimento, podando as arestas dos companheiros revoltados: a doutrinação informando aos espíritos indecisos quanto às melhores sendas de ascensão às Bênçãos Divinas; e a caridade iluminando a quantos consagram ao amor pelos semelhantes, redimindo sentimentos e elevando almas, porque, acima de todas as forças que renovam os rumos da criatura, nos caminhos, humanos, a caridade é a mais vigorosa, perante Deus, porque é a única que atravessa as barreiras da inteligência e alcança os domínios do coração.

POR: MEIMEI E CHICO XAVIER – Momento Espírita

Encontrar com Deus

“Havia um pequeno menino que queria se encontrar com Deus.
Um dia encheu sua mochila com pastéis e suco e saiu para brincar no parque.
Quando ele andou umas três quadras, encontrou um velhinho sentado em um banco da praça olhando os pássaros.
O menino sentou-se junto a ele, abriu sua mochila e ia tomar um gole do suco, quando olhou o velhinho e viu que ele estava com fome, então lhe ofereceu um pastel.
O velhinho muito agradecido aceitou e sorriu ao menino.
Seu sorriso era tão incrível que o menino quis ver de novo; então ele ofereceu-lhe seu suco.
Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino. O menino estava tão feliz! Ficaram sentados ali sorrindo, comendo pastéis e bebendo suco pelo resto da tarde sem falarem um ao outro.
Quando começou a escurecer o menino estava cansado e resolveu voltar para casa mas, antes de sair ele se voltou e deu um grande abraço no velhinho.
Aí, o velhinho deu-lhe o maior sorriso que o menino já havia recebido.
Quando o menino entrou em casa, sua mãe surpresa ao ver a felicidade estampada em sua face:
- O que você fez hoje que te deixou tão feliz assim?
Ele respondeu:
– Passei a tarde com Deus. Você sabia, que Ele tem o mais lindo sorriso que eu jamais vi?
Enquanto isso, o velhinho chegou em casa com o mais radiante sorriso na face e seu filho perguntou:
– Por onde você esteve que está tão feliz?
E o velhinho respondeu: – Comi pastéis e tomei suco no parque, com Deus. Você sabe que Ele é bem mais jovem do que eu pensava?
A face de Deus está em todas as pessoas e coisas que são vistas com os olhos do amor e do coração!
Que Deus abençoe você que está lendo esta mensagem e ilumine o seu coração para que você possa oferecer a muitas pessoas o sorriso de Deus, que está guardado dentro de você!
Hoje quero oferecer a você o meu sorriso!"
Vamos a todo instante procurar ver Deus nas pessoas e deixar que elas encontrem Deus em nós!

Uma pequena reflexão...

Uma pequena reflexão...

Um garoto segurava em suas mãos duas maçãs. Seu pai se aproximou e lhe pediu com um belo sorriso: "filho, você poderia dar uma de suas maçãs para o papai?" O menino levanta os olhos para seu pai durante alguns segundos, e morde subitamente uma das maçãs e logo em seguida a outra. O pai sente seu rosto se esfriar e perde o sorriso. Ele tenta não mostrar sua decepção quando seu filho lhe dá uma de suas maçãs mordidas. O pequeno olha para seu pai com um sorriso de anjo e diz: "É essa a mais doce, papai."

Retarde sempre o seu julgamento sobre as pessoas. Dê aos outros o privilégio de poder se explicar...
...Mesmo que a ação pareça errada, o motivo pode ser bom!

JORGE - UM RELATO EMOCIONANTE

https://www.facebook.com/notes/nuno-emanuel/-jorge-tonho-ti-chico-conta-para-eles-que-voc%C3%AA-%C3%A9-o-kardec-reencarnado-chico-xavi/1349901071691095

 A fantástica história de Jorge, o humilde cidadão que quando desencarnou foi recebido no plano espiritual por Jesus de Nazaré.


Ao longo dos anos em que ia a Uberaba, conheci muita gente. Gente boa, gente meio boa e gente menos boa. Algumas, o tempo vai apagando lentamente, mas jamais terá força suficiente para apagar de minhas lembranças a figura encantadora que vocês vão passar a conhecer.

 Numa daquelas madrugadas, quando as reuniões do Grupo Espírita da Prece se estendiam até ao amanhecer, vi-o pela primeira vez. Naquela filas quase intermináveis que se formavam para a despedida ou para uma última palavrinha ainda que rápida com Chico, ele chamou-me a atenção pela alegria com que esperava a sua vez.

 Vinha com passos cansados, o andar trôpego, a fisionomia abatida, mas seus olhos brilhavam à medida que se aproximava do médium. Não raro, seu contentamento se traduzia em lágrimas serenas mas copiosas.
 Trajes pobres, descalço, pés rachados, indicando que raramente teriam conhecido um par de sapatos. Calça azul, camisa verde, com muitos remendos; um paletó de casimira apertava-lhe o corpo franzino.

 Pele escura, cabelos enrolados nos lábios uma ferida. Chamava-se Jorge.
 Creio que deve ter tomado poucos banhos durante toda a vida. Quando se aproximava, seu corpo magro, sofrido e mal alimentado exalava um odor desagradável.
 Em sua boca, alguns raros tocos de dentes, totalmente apodrecidos. Quando falava, seu hálito era quase insuportável. Ainda que alguém não quisesse, tinha um movimento instintivo de recuo. Quando se aproximava, tínhamos pressa em dar-lhe algum trocado para que ele fosse comprar pipoca, doce ou um refrigerante, a fim de que saísse logo de perto da gente.
 
Jorge morava com o irmão e a cunhada num bairro muito pobre - uma favela, quase um cortiço.
 Seu quarto era um pequeno cômodo anexado ao barraco do irmão. Algumas telhas, pedaços de tábuas, de plásticos, folhas de lata emolduravam o seu pequeno espaço.
 O irmão e a cunhada eram bóias-frias. Jorge ficava com as crianças. Fazia-lhes mingau, trocava-lhes os panos, assistia-os. Alma assim caridosa, acredito que sofresse maus tratos. Muitas vezes o vi com marcas no rosto, e, ainda hoje, fico pensando se aquela ferida permanente em seu lábio inferior não seria resultante de constantes pancadas.
 Pois o Chico conversava com ele, cinco, dez, vinte minutos. Nas primeiras vezes, pensava: "Meu Deus! Como é que o Chico pode perder tanto tempo com ele, quando tantas pessoas viajaram milhares de quilômetros e mal pegaram sua mão?! Por que será que ele não diminui o tempo do Jorge, para dar mais atenção aos outros?"
 Somente mais tarde fui entender que a única pessoa capaz de parar para ouvir o Jorge era ele.
 
Em casa, o infeliz não tinha com quem conversar; na rua, ninguém lhe dava atenção.
 Quase todas as vezes em que lá estive, lá estava ele também.
 Assim, por alguns anos, habituei-me a ver aquele estranho personagem que aos poucos me foi cativando.
 Hoje  passados tantos anos, ao escrever estas linhas, ainda choro. "A gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar, não é mesmo?
 Nunca ouvimos de sua boca qualquer palavra de queixa ou revolta.

 Seu diálogo com o paciente médium era comovente e enternecedor.
 - Jorge, como vai a vida?
 - Ah, Tio Chico! Eu acho a vida uma beleza!
 - E a viagem, foi boa?
 - Muito boa, Tio Chico! Eu vim olhando as flores que Deus plantou no caminho para nos alegrar.
 - Do que você mais gosta de olhar, Jorge?
 - O azul do céu, Tio Chico. Às vezes penso que o Sinhô Jesus tá me espiando por detrás de uma nuvem.
 - Depois, o visitante falava da briga dos gatos, da goteira que molhou a cama, do passarinho que estava fazendo ninho no seu telhado.
 Quando pensava que tudo havia terminado, o dono da casa ainda dizia:
 - Agora, o nosso Jorge vai declamar alguns versos.
 Eu chegava até me virar na cadeira, perguntando a mim mesmo: "Onde é que o Chico arruma tanta paciência?"
 Jorge declamava um, dois, quatro versos.
 - Bem Jorge, agora para a nossa despedida, declame o verso que mais gosto.
 - Qual, tio Chico?
 - Aquele da moça.
 - Ah, Tio Chico! Já me lembrei. Já me lembrei.
 Naquelas horas, o centro continuava lotado. As pessoas se acotovelavam, formando um grande círculo em torno da mesa.

 Jorge colocava, então, o colarinho da camisa para fora, abotoava o único botão de seu surrado paletó, colocava as mãos para trás, à semelhança de uma criança quando vai declamar na escola ou perante uma autoridade, olhava para ver se o estavam observando e sapecava, inflado de orgulho:
 "Menina, penteia o cabelo.
 Joga as tranças para a cacunda.
 Queira Deus que não te leve
 de domingo pra segunda!"

 Quando terminava, o riso era geral. Ele também sorria. Um sorriso solto e alegre, mas ainda assim doído, pois a parte inferior de seus grossos lábios se dilatava, fazendo sangrar a ferida.
 Aí, ele se aproximava do médium, que lhe dava uma pequena ajuda em dinheiro. Em todos aqueles anos, nunca consegui ver quanto era. Depois, colocava o dinheiro dentro de uma capanga, onde já havia guardado as pipocas, os doces, dando um nó na alça do pano.
 Para se despedir, ele não se abraçava ao Chico: ele se jogava, sim, todo por inteiro em cima do Chico! Falava quase dentro do nariz do Chico e eu nunca o vi ter aquele recuo instintivo como eu tivera tantas vezes.

 Beijava-lhe a mão, o qual também beijava a mão e a face dele, ao que ele retribuía, beijando os dois lados da face do Chico, onde ficavam manchas de sangue deixadas pela ferida aberta em seus lábios. Nunca vi o Chico se limpar na presença dele nem depois que ele se tivesse ido. Eu, que muitas vezes, ao chegar à casa dele, molhava um pano e limpava o que passamos a chamar carinhosamente de "o beijo do Jorge..."
 Não saberia dizer quantas vezes pensei em levar um presente àquele pobre irmão - uma camisa...um par de sapatos...uma blusa. Infelizmente, fui adiando e o tempo passando. Acabei por não lhe levar nada.

 Lembro-me disto com tristeza e as palavras do Apóstolo Paulo se fazem mais fortes nos recessos de minha alma: "Façamos o bem, enquanto temos tempo."
 Enquanto temos tempo. De repente, fica tarde demais. Jorge desencarnou. Desencarnou numa madrugada fria. Completamente só em seu quarto. Esquecido do mundo, esquecido de todos, mas não de Deus.

 Contou-me o Chico que foi este nosso irmão de pele escura, cabelos enrolados, ferida nos lábios, pés rachados, mau cheiro e mau hálito que ao desencarnar, Jesus Cristo veio pessoalmente buscar. Entrou naquela quarto de terra batida, retirou Jorge do corpo magro e sofrido, envolto em trapos imundos, aconchegou-o de encontro ao peito e voou com ele para o espaço, como se carregasse o mais querido dos seus irmãos!
 "Eis que estarei convosco até o fim dos séculos."
 "Não vos deixarei órfãos."
 Ele não faria uma promessa que não pudesse cumprir. 


OS BONS OLHOS

OS BONS OLHOS.

Um homem morava no deserto e tinha quatro filhos ainda adolescentes.

Querendo que seus filhos aprendessem a valiosa lição da não precipitação nos julgamentos, os enviou para uma terra onde havia muitas árvores. Mas ele os enviou em diferentes épocas do ano.

O primeiro filho foi no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o mais novo foi no outono.

Quando o último deles voltou, o pai os reuniu e pediu que relatassem o que tinham visto.

O primeiro filho disse que as árvores eram feias, meio curvadas, sem nenhum atrativo.

O segundo filho discordou e disse que na verdade as árvores eram muito verdes e cheias de brotinhos, parecendo ter um bom futuro.

O terceiro filho disse que eles estavam errados, porque elas estavam repletas de flores, com um aroma incrível e uma aparência maravilhosa.

Já o mais novo discordou de todos e disse que as árvores estavam tão cheias de frutos que até se curvavam com o peso, passando a imagem de algo cheio de vida e substância.

Aquele pai então explicou aos seus filhos adolescentes que todos eles estavam certos.
Na verdade eles viram as mesmas árvores em diferentes estações daquele mesmo ano.

Ele disse que não se pode julgar uma árvore ou pessoas por apenas uma estação ou uma fase de sua vida.

Ele explicou que a essência do que elas são, a alegria, o prazer, o amor, mas também as fases aparentemente ruins que vêm daquela vida só podem ser medidas no final da jornada quando todas as estações forem concluídas.

Se você desistir quando chegar o “inverno”, você vai perder as promessas da primavera, a beleza do verão e a plenitude do outono.

Não permita que dor de apenas uma “estação” destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida por apenas uma fase.

Persevere através dos caminhos dificultosos, e épocas melhores virão com certeza!

Viva de forma simples, ame generosamente, importe-se profundamente, fale educadamente…
E deixe o restante com Deus!

A felicidade mantém você doce.
Dores mantêm você humano.
Quedas te mantêm humilde.
Sucesso te mantém brilhando.
Provações te mantêm forte.
Mas, somente Deus te mantém prosseguindo!

O Trabalhador mais importante do Centro Espírita


O Trabalhador mais importante do Centro Espírita


Abaixo um relato interessante que encontrei em minhas andanças pela net:

“Em uma cidade de minha região, anos atrás, os mentores espirituais que coordenam todas as tarefas daquele centro espírita, emitiram um grave alerta”:

“Faz-se necessário que a Direção da Instituição tome medidas urgentes, pois o trabalhador mais importante desta casa, em breve, precisará ausentar-se por uma semana, para resolver problemas particulares”.

“Alertamos que, se nada for feito, teremos graves prejuízos na realização de nossas tarefas.” – Foi a mensagem dada pelos zelosos administradores espirituais.

O que se viu, a partir de então, foi uma das coisas mais curiosas que se poderia imaginar…

Em vez de se ocuparem imediatamente com a resolução do problema, a imensa maioria dos trabalhadores ficou pensando:
Será que sou Eu o trabalhador mais importante desse Centro Espírita?

Rapidamente, uma nuvem escura de vaidade e orgulho empestou todo o ambiente espiritual. Alguns já cuidaram de enumerar, mentalmente, as atribuições na casa, enquanto outros se emocionavam com as lembranças dos anos vividos ali.

Outros, ainda, se davam conta que talvez precisassem mesmo fazer aquela viagem à tia do primo de segundo grau do irmão de seu cunhado…

A notícia logo correu todos os departamentos da casa e um burburinho paralisante tomou todos os cantos da Instituição.

A diretoria da Casa, por sua vez, confessava-se impotente diante da situação. Afinal, quem seria o trabalhador mais importante dali?

A bem da verdade, a vaidade também tomou conta de suas mentes, mas buscando manter um ar de mal comedida modéstia, diziam não saber quem seria o tal trabalhador… enquanto, no íntimo, sonhavam com a aclamação dos demais trabalhadores a enaltecerem os seus valores…

Aquele Centro Espírita fazia atendimentos 3 vezes por semana, notadamente tratando pacientes portadores de casos de obsessão espiritual, além de outros casos de saúde e de orientações as mais diversas.

Cerca de 200 fichas eram distribuídas a cada noite, proporcionando atendimentos individuais e a familiares, além de outro tanto de espíritos que, encaminhados às salas mediúnicas, eram esclarecidos e amparados.

O trabalho, a cada noite, era imenso nos dois planos da vida.

Duas semanas se passaram e nada foi feito. Afinal, comentavam-se, os amigos espirituais foram imprecisos em suas afirmações.

Especulava-se que o problema teria sido do médium que recebeu a comunicação, enquanto outros afirmavam que o trabalhador mais importante da casa só não havia se tornado conhecido a todos porque a inveja dos demais não deixava que ele fosse apontado, queixavam-se, legislando em causa própria…

Ao final do período, pareceu que nenhum trabalhador da casa havia faltado. Ao contrário, muitos que há tempos não compareciam ás suas tarefas, apressaram-se em reassumi-las. O fato é que poucas foram as vezes que aquela Casa contou com tantos trabalhadores de uma só vez.

Para não dizer que ninguém havia faltado, o Seu Luiz, velho amigo nosso, nos confidenciara que mantivesse ele informado sobre o desfecho da situação. Ele precisaria ficar uns dias fora, mas já havia avisado à diretoria da casa, com semanas de antecedência.

Seu Luiz é um bem humorado negro, de cerca de 70 anos de idade, dono de um fiteiro onde vende bombons e pipoca, em um bairro pobre da periferia.

Tendo um lado inteiro do corpo paralisado e não alfabetizado, há muitos anos passou a entregar as fichas de atendimento às pessoas que chegavam para o tratamento, já que essa função era rejeitada por todos. Também, o motivo era simples: O entregador de fichas tinha que chegar cerca de duas horas antes de todo mundo, para organizar as filas e receber as garrafas de água fluidificada, ficando até o final de todos os trabalhos para recolher as mesmas fichas e guardá-las na secretaria, para que no dia seguinte, tudo se repetisse.

Para Seu Luiz, aquela função era perfeita. Ele queria ajudar a Casa, mas não tinha outra maneira. E ele amava fazer aquilo. Conversava com todos, simpático, fazendo amizades com hordas de desconhecidos noite após noite. Foi assim, inclusive, que nos tornamos amigos.

Aconteceu na Sexta-feira! Era dia de desobessão espiritual.

Já, no portal, algumas pessoas discutiam alto e falavam palavras de baixo calão, disputando o direito de serem atendidas primeiro, sendo fortemente influenciadas por suas companhias espirituais.

Mais adiante, uma multidão se aglomerava em frente á sala de passe enquanto outros reclamavam da demora no atendimento. Outros não sabiam para onde se dirigir, nem o que fazer, já que estavam ali pela primeira vez.

O barulho tomava conta da pequena construção. Alguns trabalhadores estavam irritados enquanto a maioria estava desconcentrada, desarmonizados, incapacitados de entrar em sintonia com os amigos espirituais… aquilo estava um caos!

A noite demorou a terminar. Fora desgastante para todos.

Quando os últimos trabalhadores ensaiavam deixar a Instituição, a mesma médium da comunicação anterior informou que os mentores da casa pediam uma reunião de emergência.

Assim foi feito.

A primeira pergunta feita ao Presidente do Centro, foi:
- Querido irmão, cabia a você ter evitado os graves prejuízos desta noite. Nós alertamos. Agora, gostaríamos de saber por qual motivo não foi providenciado um substituto para o trabalhador mais importante desta Casa, o nosso querido Luiz?

- Reza a lenda que o dirigente ficou uma semana procurando uma justificativa…

Essa pequena história, trazida à nossa mente por um querido espírito amigo, Japoaci, ilustra bem o quanto andamos distante da prática, da internalização do Evangelho de Jesus em nossos corações. Inúmeras vezes nos alertou o Mestre Nazareno que os últimos seriam os primeiros, e que o maior na Terra será o menor nos Céus e que o menor na Terra será o Maior no Reino dos Céus.

Humildade, Amor e Caridade verdadeira, praticada no silêncio de nossos corações: Eis as nossas ferramentas de evolução.

Orgulho, vaidade e maledicência praticados em mancheias em todas as situações: Eis os instrumentos de nossa perdição.

Que nos ampare o nosso Mestre Jesus,
“Médico de  almas.”

Chico Xavier, "Paulo e Estêvão" e o sapo


Contou-nos o Chico que a recepção do livro "Paulo e Estêvão", editado pela FEB, durou 8 meses.

Todos os dias, com exceção de domingo, depois do expediente no escritório da Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, ele descia para o porão da casa do Sr. Rómulo Joviano, o seu chefe, e se punha a trabalhar na psicografia.

Começava por volta das 17:15 horas e, por vezes, ia até a 1 hora da madrugada.

O trabalho se dividia em três partes: ele psicografava, passava a limpo e depois datilografava na máquina que o Sr. Rômulo lhe emprestava, já que não possuía uma.

Apesar de rigoroso, o Sr. Rômulo era muito bom para o Chico.
Além de sua esposa, todas as noites, mandar que a empregada lhe servisse um lanche no porão, ele determinava que o funcionário de plantão levasse o Chico em casa de charrete, desde que, pela manhã, pontualmente às 7 horas, ele estivesse firme no serviço.

O mais interessante é o que ele nos conta a seguir:

— "Quando comecei a psicografar o "Paulo e Estêvão", todas as noites aparecia um enorme sapo no porão.

A princípio, não estimava a sua companhia, mas Emmanuel foi me explicando que ele era uma forma de transição entre outras espécies animais, também evoluindo como nós para Deus, e acabei por me habituar com a sua presença.

Aquele sapo era estranho...

Todas as tardes, ele me esperava à porta do improvisado gabinete no porão da residência do Sr. Rómulo Joviano.

Entrava comigo e ficava quieto num canto.

Quando eu saía, ele saía junto e se embrenhava pelo mato...

No outro dia, lá estava ele...

À medida que o "Paulo e Estêvão" ia sendo psicografado, o meu chefe e sua esposa iam acompanhando o livro, como hoje se acompanham os capítulos da uma novela.

O "Paulo e Estêvão" me emocionou muito. Chorei quase que durante os 8 meses que Emmanuel levou para escrevê-lo por meu intermédio.

Quando terminamos, vi que um espírito, que também sempre estava presente, começou a desmontar uma espécie de painel, que, de certa forma, transformava aquele porão numa cabine que me isolava de todo o ambiente externo. E comecei a sentir saudades... Saudades dos personagens do livro, saudades daqueles meses maravilhosos, saudades de quando a narrativa de Emmanuel me transportava para aquela época...

E pensei comigo mesmo de que maneira poderia manifestar a minha gratidão por ter concluído aquele trabalho que me havia feito tão bem ao coração.

Olhando para o piso do porão, percebi as pegadas luminescentes de Emmanuel e tive ímpetos de beijá-las...

Sentia minh'alma invadida por uma onda de amor e de fé!

Correndo os olhos por aquele quarto subterrâneo, notei um monte de areia grossa e, ao meu lado, o sapo que foi a minha única companhia do mundo durante todo aquele tempo.
Levantei-me da cadeira e ajoelhei-me sobre a areia, rente ao sapo, que não se moveu, e comecei a orar agradecendo a Deus...

Agradeci por ter sido, na minha imperfeição, o médium daquela obra que seria tão importante em nosso meio doutrinário...

E agradeci ao sapo, que me fitava com os seus olhos imóveis, dizendo a ele:

— Irmão Sapo, a graça divina há também de brilhar para você!... Por alguma razão que não conheço, você esteve aqui comigo nesses oito meses. Que Deus o abençoe em seus caminhos!...

Daquele dia em diante, o sapo desapareceu!..."

Ao terminar a narrativa, o Chico tem o rosto banhado de lágrimas.

E mais uma vez me pergunto, em silêncio, que homem seria esse que ia passando pela Terra, ocultando a sua própria grandeza na humildade de suas atitudes?!

Carlos A.Baccelli

O Casulo -

O Casulo - 
de: Nikos Kazantzadis

O grande escritor grego Nikos Kazantzakis conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para nascer. Esperou algum tempo, mas - como estava demorando muito - resolveu esquentar o casulo com seu hálito; a borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e morreu pouco tempo depois. "Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, e eu não soube esperar", diz Kazantzakis. "Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal: forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que Deus escolheu para nossa vida".

“Chapéu violeta”, por Mário Quintana

“Chapéu violeta”, por Mário Quintana


Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha.

Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela.

Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa.

Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo.

Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo.

Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.

Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.

Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.

Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida.

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar. Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.

Talvez devêssemos por aquele chapéu violeta mais cedo!

Mário Quintana




As três deusas - Tagore

"Foi no pomar de ilusões - faz tanto tempo ! - Que as ouvi conversar.
A terra sorria flores e o sol cantava luz !
Eram três grácies deusas, a murmurar :

- Eu sou a esteira de luz que conduz à felicidade o homem que por mim caminha !
- disse a primavera.

E da grande caneleira que as guardava na sua sombra, miúdas flores no chão caíram, embalsamando o ar...

- Eu sou o estímulo, que conduz o homem que por ti caminha !
- sorrindo a outra respondeu

E um vento brando, penteando o campo, trouxe o perfume do longínquo bosque florido e embalsamou o ar...

- Eu sou a felicidade, a própria vida, o paraíso, aonde o homem deseja chegar !
- falou a derradeira.

E as folhas, derramando música, vestiram de uma sonata de amor o meu pomar de ilusões, onde eu as ouvi falar...

De olhos fechados, deslumbrado, quedei-me a meditar !

E quando franjas de prata caíram sobre o mar, e o rócio do anoitecer me despertou, eu compreendi...

As deusas que vieram ao meu pomar, eram a
Fé, a CARIDADE e a ESPERANÇA !"


- R. Tagore-

Desapego

Desapego

Em visita ao Nepal, um jovem turista americano foi visitar um monge budista. Ao entrar em seus aposentos, percebeu que não havia nada além de livros e velas.
- Onde estão suas coisas? - o jovem perguntou.
- Que coisas? - ele respondeu.
- Ora, sua mobília, roupas, equipamentos, sei lá, suas coisas.
- E onde estão as suas? - o monge perguntou.
O jovem olhou surpreso para ele. - Onde estão minhas coisas? Eu estou aqui de passagem!
- Eu também!!!!!!!!!!  (Conto Oriental - Autor desconhecido)

Mensagens para Orkut - Dividers

Como não ter apego "às coisas" se vivemos num mundo consumista?

E o que dizer do apego emocional que nos aprisiona e nos arrasta ao sofrimento?

Sabemos que o desprendimento é necessário para a renovação interior e crescimento espiritual do ser.

No entanto, tal exercício exige de nós, virtudes a serem trabalhadas e defeitos a serem extintos, e nem sempre estamos preparados para mudanças.

Quando o apego é mais forte que a renúncia, começamos a "perder" nossas conquistas:  empregos, amizades, amores...

É  a vida nos convocando ao aprendizado do desapego.

Cultivar o desapego não significa amar menos ou não apreciar as coisas boas que a vida tem a nos oferecer, mas ter consciência da natureza transitória das coisas, anulando assim, na medida do possível, o sentimento de posse.  Beijão ♥♥

ESPOSA SURDA

ESPOSA SURDA (amei essa estorinha)
– Qual o problema de sua esposa ? Disse o médico.
– Surdez. Não ouve quase nada.
– Então o senhor vai fazer o seguinte: antes de trazê-la, faça um teste para facilitar o diagnóstico. Sem ela olhar, o senhor, a certa distância fala em tom normal, até que perceba a que distância ela consegue ouvi-lo.
E quando vier – diz o médico – dirá a que distância o senhor estava quando ela o ouviu. Está certo ?
– Certo, combinado então.
À noite, quando a mulher preparava o jantar, o marido decidiu fazer o teste.
Mediu a distância que estava em relação à mulher. E pensou: “Estou a 15 metros de distância. Vai ser agora”.
– Maria, o que temos para jantar ? – não ouviu nada. Então aproximou-se a 10 metros.
– Maria, o que temos para jantar ? – nada ainda. Então, aproximou-se mais 5 metros.
– Maria, o que temos para jantar ? – Silêncio ainda.
Por fim, encosta-se às costas da mulher e volta a perguntar:
– Maria! O que temos para jantar ?
– Frango, meu bem… É a quarta vez que te respondo!
Como percebem, muitas vezes achamos que o problema ocorre com os outros, quando na realidade o problema é nosso, só nosso… Achamos que Deus não ouve nossas orações mas quando nos aproximamos Dele percebemos que o erro sempre esteve em nós por não ouvirmos o que Ele diz.
E você a que distância está de Deus ?

PACIÊNCIA

PACIÊNCIA

O caminhoneiro solitário seguia, com fome, à margem do rio.
Nervoso e impaciente, ia censurando a tudo e a todos, por achar-se em penúria.
Caminhava devagar, quando viu algo na estrada chamando-lhe a atenção.
Uma cédula!
Abaixou-se e colheu o achado.
Uma nota de cem cruzados, enrolada e manchada.
Contudo, para surpresa sua, era somente a metade da cédula, que apesar  de nova, fora inexplicavelmente cortada.
Ainda mais irritado, amarfanhou o papel valioso e atirou-o à correnteza do rio, blasfemando.
Deu mais alguns passos à frente, seguindo pela mesma estrada, quando surpreendeu outro fragmento de papel no solo.
Inclinou-se de novo e apanhou-o.
Era a outra metade da cédula que, enervado e contrafeito, havia projetado nas águas.
O vento separara as duas partes; ele, porém, não tivera a paciência de esperar alguns segundos, apenas.
Há sempre socorro às nossas necessidades.
No entanto, até para receber o auxílio da Divina Bondade ninguém prescinde de calma e da paciência.
Waldo Vieira (médium)
Valérium (espírito)

A SALVAÇÃO INESPERADA

A SALVAÇÃO INESPERADA

Num país europeu, certa tarde, muito chuvosa, um maquinista, cheio de fé em Deus, começando a acionar a locomotiva com o trem repleto de passageiros para longa viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com sentimento a oração dominical.

O comboio percorreu léguas e léguas, dentro das trevas densas, quando, alta noite, ele viu, a luz do farol aceso, alguns sinais que lhe pareceram feitos pela sombra de dois braços angustiados a lhe pedirem socorro.

Emocionado, fez o trem parar, de repente, e, seguido de muitos viajantes, correu pelos trilhos de ferro, procurando verificar se estavam
ameaçados de algum perigo.

Depois de alguns passos, foram surpreendidos por gigantesca inundação que, invadindo a terra com violência, destruíra a ponte que o comboio deveria atravessar.

O trem fora salvo, milagrosamente.

Tomados de infinita alegria, o maquinista e os viajores procuraram a pessoa que lhes fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia. Intrigados, continuaram na busca, quando encontraram no chão um grande morcego agonizante. O enorme voador batera as asas, á frente do farol, em forma de dois braços agitados, e caíra sob as engrenagens. O maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros assombrados e contou como orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus, antes de partir. E, ali mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava antes de morrer, exclamando em alta voz:

Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu: o pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja.

Quando acabou de orar, grande quietude reinava na paisagem.Todos os passageiros, crentes e descrentes, estavam ajoelhados, repetindo a prece com amoroso respeito. Alguns choravam de emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai Celestial, que lhes salvara a vida, por intermédio de um animal que infunde tanto pavor às criaturas humanas. E até a chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente acompanhado acompanhando a sublime oração.

Meimei
Fonte: O Mensageiro

O VASO

O VASO

Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita, adoeceu gravemente e entrou a passar enormes necessidades.

Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em regiões distantes e pareciam haver perdido a memória…

Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama, por longo tempo.

Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma consolação para os seus males.

Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.

O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:

– Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão perfeitos?

O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:

–  Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três vezes.

– E sem fogo você realizaria a sua tarefa? – indagou, ainda, o emissário.

– Nunca! – respondeu o velho, certo do que afirmava.

– Assim também – esclareceu o anjo bondoso -, o sofrimento e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o embelezamento de nossas almas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para o serviço do Céu.

Nesse instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.

Chico Xavier (médium)

A MULTA MAIOR

A MULTA MAIOR

O recinto do Tribunal estava lotado, não tanto pela importância dos crimes que seriam julgados, mas pela presença do prefeito de Nova York, La Guardia, que costumava, nessas ocasiões, sentenciar casos policiais simples, com decisões que ficavam famosas pelo seu conteúdo de sabedoria e originalidade.

Um dos acusados fora pilhado em flagrante, roubando pão em movimentada padaria. O homem inspirava compaixão: muito magro, barba por fazer, roupas em desalinho – era a própria imagem da miséria!…

La Guardia submeteu-o, solene, ao interrogatório, consultou as testemunhas e, após rápida apreciação, considerou-o culpado, aplicando-lhe a multa de cinqüenta dólares. A alternativa seria a prisão…

Em seguida, dirigindo-se à pequena multidão que acompanhava, atenta o julgamento, disse, peremptório:

– Quanto aos presentes, estão todos condenados a pagar meio dólar cada um, importância que servirá para liquidar o débito do réu, restituindo-lhe a liberdade.

E ante a estupefação geral, acentuou:

– Estão multados por viverem numa cidade onde um homem é obrigado a roubar pão para matar a fome!…

Todos nós, habitantes de qualquer cidade do Mundo, estamos sujeitos a uma multa muito mais severa, a uma sanção muito mais grave – a frustração dos anseios de Felicidade, os desajustes intermináveis, as crises de angústia – por vivermos num planeta onde as palavras fraternidade, bondade, solidariedade, são enunciadas como virtudes raras, quando são apenas elementares deveres, indispensáveis à preservação do equilíbrio em qualquer comunidade.

Dizem os Espíritos Superiores que a Felicidade do Céu é socorrer a infelicidade da Terra. Diríamos que somente na medida em que estivermos dispostos a socorrer a infelicidade da Terra é que estaremos a caminho da Felicidade do Céu.

Não há alternativa. Podemos nos isolar da multidão aflita e sofredora, mas jamais estaremos bem, porquanto a infelicidade é o clima crônico dos que se fecham em si mesmos.

Mãos servindo são antenas que estendemos para a sintonia com as fontes da Vida e a captação das Bênçãos de Deus!

Richard Simonetti do Livro: Atravessando a Rua

O MÉDICO E O FISCAL

O MÉDICO E O FISCAL

– Se possível, acelere um pouco a marcha.

Era o abnegado médico espírita, Dr. Militão Pacheco, que rogava ao amigo que o conduzia por gentileza.

E acrescentava:

– O caso é crupe.

O companheiro ao volante aumentou a velocidade, mas, daí a momentos, um fiscal apitou.

O carro atendeu com dificuldade e, talvez por isso, a motocicleta do guarda sofreu pequeno choque sem conseqüências.

O policial, porém, não estava num dia feliz e o Dr. Pacheco com o amigo receberam uma saraivada de palavrões.

Notando que não reagiam, o funcionário fez-se mais duro e declarou que não se conformava simplesmente com a multa.

Os infratores estavam detidos.

O Dr. Pacheco deu-lhe razão e informou que realmente seguiam com pressa para socorrer um menino sem recursos, rogando, humilde, para que a entrevista com a autoridade superior fosse adiada.

– Se o senhor é médico – disse o interlocutor, com ironia -, deve proceder disciplinadamente, sem sair do regulamento. Para ser franco, se eu pudesse, meteria os dois, agora, no xadrez.

Embora o amigo estivesse rubro de indignação, o Dr. Pacheco, benevolente, fez uma proposta.

O guarda deixaria, por alguns instantes, o veículo, e seguiria com eles no carro, mantendo vigilância.

Depois do socorro ao doentinho, segui-lo-iam para onde quisesse.

Havia tanta humildade na súplica, que o fiscal concordou, conquanto repetisse asperamente os insultos.

– Aceito – exclamou -, e verificarei por mim mesmo. Ando saturado de vigaristas. E creiam que, se estão agindo com mentira, hoje dormirão no Distrito.

A motocicleta foi confiada a um colega de serviço e o homem entrou, seguindo em silêncio.

Rua aqui, esquina acolá, dentro em pouco o carro atingiu modesta residência na Lapa, em S. Paulo.

Os três entram por grande portão e caminham até encontrar esburacado casebre nos fundos.

Mas, ao ver o menino torturado de aflição nos braços de infeliz mulher, o bravo fiscal, com grande assombro dos circunstantes, ficou pálido e com os olhos rasos de água.

O petiz agonizante e a jovem senhora sem recursos eram o seu próprio filhinho e a sua própria esposa que ele havia abandonado dois anos antes…

Waldo Vieira (médium)
Hilário Silva (espírito) Livro: Almas em Desfile

OBSESSÃO PACÍFICA

OBSESSÃO PACÍFICA

Quando reencontrei o meu amigo Custódio Saquarema na Vida Espiritual, depois da efusão afetiva de companheiros separados desde muito, a conversa se dirigiu naturalmente para comentários em torno da nova situação.

Sabia Custódio pertencente a família espírita e, decerto, nessa condição, teria ele retirado o máximo de vantagens da existência que vinha de largar.  Pensando nisso, arrisquei uma pergunta, na expectativa de sabê-lo com excelente bagagem para o ingresso em estâncias superiores.  Saquarema, contudo, sorriu, de modo vago, e informou com a fina autocrítica que eu lhe conhecia no mundo:

– Ora, meu caro, você não avalia o que seja uma obsessão disfarçada, sem qualquer mostra exterior.  A Terra me devolveu para cá, na velha base do ganhou, mas não leva.  Ajuntei muita consideração e muito dinheiro; no entanto, retorno muito mais pobre do que quando parti, no rumo da reencarnação…

Percebendo que não me dispunha a interrompê-lo, continuou:

– Você não ignora que renasci num lar espírita, mas, como sucede à maioria dos reencarnados, trazia comigo, jungidos ao meu clima psíquico, alguns sócios de vícios e extravagâncias do passado, que, sem o veículo da carne, se valiam de mim para se vincularem às sensações do plano terrestre, qual se eu fora uma vaca, habilitada a cooperar na alimentação e condução de pequena família… Creia que, de minha parte, havia retomado a charrua física, levando excelente programa de trabalho que, se atendido, me asseguraria precioso avanço para as vanguardas da luz.  Entretanto, meus vampirizadores, ardilosos e inteligentes, agiam à socapa, sem que eu, nem de leve, lhes pressentisse a influência… E sabe como?

– ?…

– Através de simples considerações íntimas – prosseguiu Saquarema, desapontado. – Tão logo me vi saído da adolescência, com boa dose de raciocínios lógicos na cabeça, os instrutores amigos me exortavam, por meus pais, a cultivar o reino do espírito, referindo-se a estudo, abnegação, aprimoramento, mas, dentro de mim, as vozes de meus acompanhantes surgiam da mente, como fios d’água fluindo de minadouro, propiciando-me a falsa idéia de que falava comigo mesmo: “Coisas da alma, Custódio? Nada disso. A sua hora é de juventude, alegria, sol… Deixe a filosofia para depois…”  Decorrido algum tempo, bacharelei-me.  As advertências do lar se fizeram mais altas, conclamando-me ao dever; entretanto, os meus seguidores, até então invisíveis para mim, revidavam também com a zombaria inarticulada: “Agora? Não é ocasião oportuna. De que maneira harmonizar a carreira iniciante com assuntos de religião? Custódio, Custódio!… Observe o critério das maiorias, não se faça de louco!…”  Casei-me e, logo após os chamados à espiritualização, recrudesceram em torno de mim.  Meus solertes exploradores, porém, comentaram, vivazes: “Não ceda. Custódio! E as responsabilidades de família? É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, obter posição, zelar por mulher e filhos…”.  A morte subtraiu-me os pais e eu, advogado e financista, já na idade madura, ainda ouvia os Bons Espíritos, por intermédio de companheiros dedicados, requisitando-me à elevação moral pela execução dos compromissos assumidos; todavia, na casa interna se empoleiravam os argumentos de meus obsessores inflexíveis: “Custódio, você tem mais quefazeres… Como diminuir os negócios? E a vida social? Pense na vida social… Você não está preparado para a seara da fé…” Em seguida, meu amigo, chegaram a velhice e a doença, essas duas enfermeiras da alma, que vivem de mãos dadas na terra.  Passei a sofrer e desencantar-me. Alguns raros visitantes, de minha senectude, transmitindo-me os derradeiros convites da Espiritualidade Maior, insistiam comigo, esperando que eu me consagrasse às coisas sagradas da alma; no entanto, dessa vez, os gritos de meus antigos vampirizadores se altearam, mais irônicos, assoprando-me sarcasmo, qual se fora eu mesmo a ridicularizar-me: “Você, velho Custódio?! Que vai fazer você com o Espiritismo? É tarde demais… Profissão de fé, mensagens de outro mundo… Que se dirá de você, meu velho? Seus melhores amigos falarão em loucura, senilidade… Não tenha dúvida… Seus próprios filhos interditarão você, como sendo um doente mental, inapto à regência de qualquer interesse econômico… Você não está mais no tempo disso…”.

Saquarema endereçou-me significativo olhar e rematou:

– Os meus perseguidores não me seviciaram o corpo, nem me conturbaram a mente.  Acalentaram apenas o meu comodismo e, com isso, me impediram qualquer passo renovador.  Volto à Terra, meu caro, imitando o lavrador endividado e de mãos vazias que regressa de um campo fértil, onde poderia ter amealhado inimagináveis tesouros… Sei que você ainda escreve para os homens, nossos irmãos.  Conte-lhe minha pobre experiência, refira-se, junto deles, à obsessão pacífica, perigosa, mascarada… Diga-lhes alguma coisa acerca do valor do tempo, da grandeza potencial de qualquer tempo na romagem humana!…

Abracei Saquarema, de esperança voltada para tempos novos, prometendo atender-lhe a solicitação.  E aqui se transcreve o ensinamento pessoal, que poderá servir a muita gente, embora guarde a certeza de que, se eu andasse agora reencarnado na Terra e recebesse de alguém semelhante lição, talvez estivesse muito pouco inclinado a aproveitá-la.

Chico Xavier (médium)
Irmão X (espírito)   Livro: Cartas e Crônicas

NÃO PERDOAR

NÃO PERDOAR

Bezerra de Menezes, já devotado à Doutrina Espírita, almoçava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiúva, o grande republicano, e o assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a interessar-se.

Em meio da conversa, aproxima-se um serviçal e comunica ao dono da casa:

– Doutor, o rapaz do acidente está aí com um policial.

Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspão, que, por pouco, não lhe atingiu a cabeça, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo.

– Manda-o entrar – ordenou o político.

– Doutor – roga o moço preso, em lágrimas -, perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos…              

Compadeça-se! Não tinha qualquer má intenção… Se o senhor me processar, que será de mim? Sua desculpa me livrará! Prometo não mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, não incomodarei o senhor…

O notável político, cioso da própria tranqüilidade, respondeu:

– De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudência, não ficará sem punição.

Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou, à guisa de resposta indireta:

– Bezerra, eu não perdôo, definitivamente não perdôo…

Chamado nominalmente à questão, o amigo exclamou desapontado:

– Ah! você não perdoa!

Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou, irritado:

– Não perdôo erro. E você acha que estou fora do meu direito?

O Dr. Bezerra cruzou os braços com humildade e respondeu:

– Meu amigo, você tem plenamente o direito de não perdoar, contanto que você não erre…

A observação penetrou Quintino como um raio.

O grande político tomou um lenço, enxugou o suor que lhe caía em bagas, tornou à cor natural, e, após refletir alguns momentos, disse ao policial:

Solte o homem. O caso está liquidado.

E para o moço que mostrava profundo agradecimento:

– Volte ao serviço hoje mesmo, e ajude na copa.

Em seguida, lançou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversação no ponto em que haviam ficado.

Chico Xavier e Waldo Vieira (médiuns)
Hilário Silva (espírito)

A SOMBRA DO BURRO

A SOMBRA DO BURRO

Certa vez, promovendo uma assembléia pública em Atenas para tratar de altos interesses da pátria grega, Demóstenes viu-se apupado pela turba impaciente, que fazia menção de retirar-se sem ouvi-lo. Então, elevando a voz, disse que tinha uma historia interessante a contar. Obteve, assim, silêncio e atenção, e começou:

– Certo jovem, precisando ir de sua casa até Mégara durante o auge do verão, alugou um burro, pondo-se a caminho. Quando o sol ficou a pino, ardentíssimo, tanto o moço como o dono do animal alugado tiveram vontade de sentar-se à sombra do burro, e começaram a empurrar-se mutuamente, a fim de ficar com o lugar. Dizia o dono do animal que apenas alugara o burro e não a sua sombra, e o outro afirmava que tendo pago o aluguel do burro, pagara também o de sua sombra, pois tudo quanto pertencia ao burro lhe fora alugado com ele…

A esta altura. Demóstenes levantou-se e fez menção de retirar-se. A multidão protestou, desejosa de ouvir o resto da historia. Foi então que o prodigioso orador, erguendo-se em toda a suas altura, e encarando com firmeza o auditório, declarou, a voz trovejante:

– Atenienses! Que espécie de homens sois, que insiste em saber a historia da sombra de um burro e recusais tomar conhecimento dos fatos mais graves que vos dizem respeito?

Só então pode fazer o discurso que pretendia, para um auditório envergonhado e atento, que, afinal, ficou sem saber o fim da historia da sombra do burro.

Antônio F. Rodrigues

Livro:Antologia Espírita e Popular “Mensagens dos Mestres”

A FAMA DE RICO

A FAMA DE RICO

O Coronel Manoel Rabelo, influente fazendeiro no Brasil Central, fora acometido de paralisia nas pernas. Vivia no leito, rodeado pelos filhos atentos. Muito carinho. Assistência contínua.

No decurso da doença, veio a conhecer a Doutrina Espírita, que lhe abriu novos horizontes à vida mental. Pouco a pouco desprendia-se da idéia de posse. Para que morrer com fama de rico? Queria agora a paz, a bênção da paz.

Viúvo, dono de expressiva fortuna e prevendo a desencarnação próxima, chamou os quatro filhos adultos e repartiu entre eles os seus bens. Terras, sítios, casas e animais, avaliados em seis milhões de cruzeiros, foram divididos escrupulosamente.

Com isso, porém, veio a reviravolta. Donos de riqueza própria, os filhos se fizeram distantes e indiferentes. Muito embora as rogativas paternas, as visitas eram raras e as atenções inexistentes.

Rabelo, muito triste e quase completamente abandonado, perguntava a si mesmo se não havia cometido precipitação ou imprudência. Os filhos não eram espíritas e mostravam irresponsabilidade completa.

Nessa conjuntura, apareceu-lhe antigo e inesperado devedor. O Coronel Antonio Matias, seu amigo da mocidade, veio desobrigar-se de empréstimo vultoso, que havia tomado sob palavra, e pagou-lhe dois milhões de cruzeiros, em cédulas de contado.

Na presença de dois dos filhos, Rabelo colocou o dinheiro em cofre forte, ao pé da cama. Sobreveio o imprevisto. Os quatro filhos voltaram às antigas manifestações de ternura. Revezavam-se junto dele. Papas de aveia. Caldos de galinha. Frutas e vitaminas. Mantinham-se cobertores quentes e fiscalizavam a passagem do vento pelas janelas. Raramente Rabelo ficava algumas horas sozinho.

E, assim, viveu ainda dois anos, desencarnando em grande serenidade.
Exposto o cadáver à visitação pública, fecharam-se os filhos no quarto do morto e, abrindo aflitivamente o cofre, somente encontraram lá um bilhete escrito e assinado pela vigorosa letra paterna, entre as páginas de surrado exemplar de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

O papel assim dizia: “Meus filhos, Deus abençoe vocês todos. O dinheiro que me restava distribuí entre vários amigos para obras espíritas de caridade. Lego, porém, a vocês, o capitulo décimo quarto de “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

E os quatro, extremamente desapontados, leram a legenda que se seguia:
“Honrai a vosso pai e a vossa mãe. – Piedade filial”.

Waldo Vieira (médium)
Hilário Silva (espírito)  Livro: Almas em Desfile

TRECHO DE CONVERSA

TRECHO DE CONVERSA

– A propósito da divulgação da Doutrina Espírita – disse-nos ainda agora, Samuel de Cirene, velho amigo da cultura israelita -, recordarei singelo acontecimento que os séculos apagaram…

E contou:

– Certa feita, nos primeiros tempos do Cristianismo, a peste devorava grande extensão da Capadócia e da Galácia, reduzindo industriosas populações ao desespero. Depois da doença fulminativa, veio a fome e, com a fome, surgiram tristeza e penúria, aflição e abandono… Largos movimentos de solidariedade se improvisaram, aqui e ali, para socorro às vítimas, e o apelo à generosidade pública alcançou Antioquia, onde um grupo de cristãos abnegados se entregou ao apostolado do auxílio. Em dias rápidos, numerosas famílias se despojaram de utilidades diversas, enquanto corações generosos ofereciam recursos financeiros, em favor dos desamparados. Tamanho foi o montante das preciosidades, que seis barcos, de um porto da Selêucia, partiram repletos. A viagem começou entre preces e cânticos de louvor; entretanto, depois de algumas horas, grosso nevoeiro desceu sobre as águas e as nuvens pareciam tão perto que mais se assemelhavam a montanhas de carvão em forma de neblina…

Sobreveio a noite, sem que se tivesse noticia do pôr-do-sol, a não ser através de tênue clarão, lembrando atmosfera de candeeiro longínquo… Findo longo tempo sobre a onda agitada, a frota beneficente foi arrojada a maciço de penhascos, despedaçando-se de encontro aos rochedos. Por esquecimento dos responsáveis, os faróis de ilha vizinha jaziam apagados e a valiosa carga se perdeu por inteiro… Esse antigo incidente, meus amigos, ilustra a necessidade da divulgação criteriosa do Espiritismo, em todas as direções. Indiscutivelmente, todos precisamos da bondade que auxilia o corpo e lhe sana as mazelas, mas não nos é licito esquecer, sem prejuízo grave, as exigências do espírito.

Esta, a observação de um dos amigos experientes que nos seguem a viagem, na conversação desta noite aprazível. Registro-a, de escantilhão, através do lápis medianímico, antes de retomar-lhe o convívio, porque, se ainda hoje líamos enternecidamente, aqui mesmo, o inolvidável aviso de Allan Kardec: “fora da caridade não há salvação”, será justo acrescentar, com todo o nosso respeito à memória do Codificador, que “fora da luz não existe caminho”.

Chico Xavier (médium)
Irmão X (espírito) Livro: Entre Irmãos de Outras Terras

A ESCOLHA DO REPRESENTANTE

A ESCOLHA DO REPRESENTANTE

Thomas Forster, o médium principal da instituição espírita em Washington, era um veterano exigente.

Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinários a realizar-se em Chicago, mas não queria fazê-lo sem minuciosa seleção.

– Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristão perfeito, se pudermos classificá-lo assim – dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mãos de maestro nervoso.
– Mas você – falava Boland, o companheiro mais íntimo – não pode pedir o impossível. Os espíritas são homens e mulheres fazendo força na própria melhoria moral. Procuraremos um companheiro de hábitos simples, mas sem a preocupação de santidade.
Forster ria amarelo, mas não dava braços a torcer.
– Pode ser exigência minha, mas não mandaremos companheiro algum dos que eu conheça.

E num rasgo de rigorismo:

– Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negócios materiais e quero que a nossa casa se represente em Chicago por um espírita-cristão completo. Humilde, alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as ilusões da Terra…
– Muito difícil – observava Boland, sorrindo -, onde encontrar essa ave rara, se estamos longe do Céu?

Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava o Evangelho vira na última fila um homem de aspecto simpático, que não conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentemente ponderado e esquivo a qualquer conversação ociosa.

Após ligeiro comentário, concluiu:

– Parece-me o homem ideal; se for um espírita de convicção, pelos modos que demonstra, será o representante adequado…

Combinaram, assim, ouvi-lo na próxima sessão domingueira.
No dia aprazado, lá estava o assistente desconhecido.
Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos de atenção para depois.
E, finda a preleção, os dois amigos abeiraram-se dele.
À primeira indagação que lhe foi atirada, respondeu, calmo:

– Sim, estou fazendo o que posso para ser espírita.

Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:

– O irmão tem vida mundana ativa?
– Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contínua…
– Mas dedica-se aos sofredores?
– Tenho a vida entre os que choram.
– Escolheu, assim, o caminho da caridade cristã?
– Como não, meu amigo? Ouvir aflições e estar com os necessitados de conforto é meu simples dever…
– E ajuda a todos, em sua noção de serviço social?
– Devo servir a todos… ricos e pobres, justos e injustos, moços e velhos. Não posso fazer distinção.
Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:
– E o irmão procede assim espontaneamente?

O desconhecido sorriu e acentuou:

– Ah! Até certo ponto… Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelo menos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lágrimas!…
Foi então que Forster veio a saber que o homem trabalhava no antigo Fort Lincoln e desempenhava as funções de coveiro.

Hilário Silva (médium)
Waldo Vieira (espírito) Livro: Entre Irmãos de Outras Terras

CURIOSA SELEÇÃO DE OBREIROS

CURIOSA SELEÇÃO DE OBREIROS

Um homem saiu a recrutar pessoas para realização de um trabalho importante.

Procurou os jovens.

Muitos disseram que não tinham experiência, nem vocação para o serviço.
Senhores de meia idade alegaram compromissos inadiáveis. Alguns velhos discorreram sobre dificuldades de locomoção, raciocínio lento ou doenças que reclamavam repouso.

Disse o homem: Que farei? E teve uma idéia.

Contratou músicos e postou-se na esquina de uma praça movimentada.
Ao som de tamborins, pandeiros, reco-reco, cuícas e muita cantoria não tardou enorme ajuntamento de pessoas de todas as idades.

Era gostoso de se ver: cantavam, pulavam frenéticos. Todos queriam mostrar a boa forma e brincar, de verdade, a mais valer, com o máximo empenho.

Depois de algum tempo, dispensou os músicos e começou a falar sobre assuntos cívicos, deveres para a família, a pátria e a humanidade, coisas dessa grandeza.

Como previra, notou que poucos ficaram ouvindo; muitos se foram.
Continuou falando sobre moral e retidão do caráter, vigília religiosa e ensinos evangélicos. Aí a situação piorou. E não demorou a perceber pequena platéia ao seu redor.

Finalmente, conclamou à reduzida assembléia:
– Agora, preciso de operários. De gente para trabalhar. Quem se habilita?
Ficaram cinco jovens, duas senhoras, um homem de meia-idade e dois velhos.

Levantando as mãos para o céu o recrutador orou jubiloso:
– Graças te dou, meu Pai por me teres concedido esta pequena multidão excelente!…

Um erudito, desses bem tolos que a tudo assistia, compadecido, aproximou-se dele e colocando a mão sobre seu ombro, lhe disse:
– Pobre homem, perdeste uma multidão e ainda rendes graças? Havia mais de mil pessoas aqui…

– Ah, meu irmão! disse o homem, é porque tu não sabes… Cada um dos que ficaram vale por mil dos que se foram!

E nós, em que condição de obreiros nos situamos, quando o Pai nos solicita o auxílio na tarefa de evangelizar?

Edna C. M. Teixeira (Revista Espírita)