À custa das próprias lágrimas
- Bondoso Lupércio – reclamava Eulália ao mentor espiritual na reunião mediúnica – por quê essa doença incidiosa que prende meu filho ao leito há mais de cinco anos?
- É seu carma, uma expiação programada pela justiça divina.
- Não seria mais fácil pagar seus débitos desfrutando da plenitude de movimentos, participando de serviços assistenciais?
- O problema é que envolvido por um processo obsessivo, além dele se comprometer com o crime, desenvolveu tendências viciosas que fatalmente ressurgirão se recuperar a locomoção. A prisão no leito é precioso recurso educativo em seu proveito.
- E quanto ao obsessor? Não responde pela ação nefasta que exerceu sobre ele?
- Sem dúvida. Ao seduzirem suas vítimas com suas sugestões, levando-as às ações que desejam, os obsessores se tornam co-responsáveis por seus desatinos.
- Se é assim, não seria justo que o obsessor estivesse junto de meu filho, com o compromisso de ajudá-lo.
- È o que ele vem fazendo com intensa dedicação.
- Poderíamos evocá-lo nesta reunião?
- Impossível.
- Não está por perto?
- Está entre nós.
- Por quê então a impossibilidade ?
- O obsessor é você.